DEMONSTRAÇÃO PELO DOCENTE DA
AVALIAÇÃO DA ABERTURA DAS VIAS AÉREAS, TÉCNICAS DE DESOBSTRUÇÃO E POSIÇÃO
LATERAL DE SEGURANÇA
Determinação do estado de consciência
• Dê ordens ou faça perguntas. Por exemplo
“abra os olhos” ou “consegue me ouvir?” Ou pegue e agite os ombros ou o braço do paciente.
• Se a pessoa responde, coloque-a na posição
lateral de segurança (vide conteúdo abaixo) e avalie rapidamente o ABC.
• Se não há resposta, prossiga com a
avaliação das vias aéreas.
Avaliação das vias aéreas
• Posicione a vítima em decúbito dorsal numa
superfície plana e firme com a cabeça virada para si e os membros superiores
situados ao longo do corpo. Caso não seja possível excluir completamente a
possibilidade de lesão da coluna cervical, lembre-se
de que qualquer movimento pode agravar possíveis lesões na medula (vide PA
43 atendimento inicial paciente com trauma).
• Estabilize a coluna cervical mantendo a
cabeça, o pescoço e o tronco no mesmo plano do corpo da vítima. Em caso de
suspeita de lesão da coluna cervical, os seus movimentos para o
restabelecimento das vias aéreas devem ser mínimos (vide PA 43 atendimento
inicial paciente com trauma).
• Limpe o nariz e a parte externa da boca da
vítima.
• Abra a boca da vítima.
Verifique se tem
secreções, prótese dentária (parcial ou completa), dentes quebrados, qualquer
objecto estranho na cavidade bucal e na orofaringe e proceda de acordo com a
situação encontrada:
o
Secreções:
aspiração da cavidade bucal e da orofaringe se possível (vide aulas da
Disciplina de Procedimentos clínicos) o
Próteses dentárias: remove-las manualmente se deslocadas.
o
Objecto
estranho visualizado: através da manobra de deslocação com o dedo (finger sweep) e remoção manual.
Abertura das Vias
Aéreas
Uma vez que a
cavidade oral e a orofaringe foram libertadas de possíveis obstáculos, deve-se
proceder a aberturas das vias aéreas através de manobras específicas: manobra
de tracção do queixo e manobra de elevação da mandíbula. Estas manobras actuam
deslocando a mandíbula e resolvendo a obstrução da laringofaringe pela
depressão ou queda da língua que ocorre em pacientes inconscientes.
• Manobra de tracção do queixo Figura 1 (para reposicionar a língua) o
Estenda a cabeça do paciente apoiando uma das mãos a testa da vítima (evitando
que a cabeça se mova) e a outra abaixo do pescoço.
o
Segure
o queixo da vítima com o polegar e o indicador da mão que estava abaixo do
pescoço evitando comprimir os tecidos moles da região sub-mentoniana.
o Traccione o queixo para cima e em seguida efectue a abertura da boca.
• Manobra de elevação da mandíbula Figura 2 (para reposicionar a língua na
presença ou suspeita de lesão cervical) o
Posicione-se atrás da cabeça da vítima;
o
Coloque
as mãos espalmadas lateralmente a sua cabeça, com os dedos indicadores e médios
no ângulo da mandíbula; o Posicione os dois dedos polegares sobre o
mento (queixo) da vítima;
o
Fixe
a cabeça da vítima com as mãos, ao mesmo tempo que eleva a mandíbula com os
indicadores e médios, abrindo a boca com os polegares.
Figura 2: Manobra
de elevação da mandíbula
Posição lateral de
segurança (Figura 3)
É a posição utilizada em várias situações que necessitam de primeiros
socorros, em que a vítima esteja consciente ou inconsciente mas com pulso e a
respirar. Indicações
• Esta posição é indicada para evitar
obstrução das vias aéreas, permitindo assim a respiração da vítima, enquanto
aguarda pelo atendimento clínico.
Contra-indicações
• Fractura da coluna vertebral ou do
pescoço.
•
Ferimentos graves.
•
Ausência de respiração.
Procedimento
• Com a vítima deitada no chão, ajoelhe-se
ao lado da vítima e vire a cara da vítima para si.
• Incline a cabeça desta para trás,
colocando-a em hiperextensão, para abrir as vias áreas e impedir a queda da
língua para trás e a sufocação.
• Coloque o braço da vítima que estiver mais
próximo de si ao longo do corpo desta e prendeo por debaixo das nádegas deste.
• Coloque o outro braço da vítima no peito
deste.
• Cruze as pernas da vítima colocando a
perna que estiver mais afastada de si por cima da canela da outra perna.
• Dê apoio à cabeça da vítima com a mão e
segure a vítima pela roupa, na altura da anca virando-a para si.
• Dobre o braço e a perna da vítima que
estiverem na parte superior do corpo, até que formem um certo ângulo em relação
ao corpo. A perna deve estar de forma a que se forme um ângulo recto entre a
anca e joelho, e o braço pode ser colocado por baixo da bochecha inferior da
vítima.
• Puxe o braço inferior da vítima, e
coloque-o em ângulo recto ou estendido.
Certifique-se de
que a cabeça se mantém inclinada para trás de forma a manter as vias aéreas
abertas.

Figura 3: Posição lateral de segurança.
BLOCO 4: DEMONSTRAÇÃO PELO
DOCENTE DAS TÉCNICAS DE REMOÇÃO DE CORPOS ESTRANHOS DAS VIAS AÉREAS (30 min)
4.1. Introdução
De acordo com os
sinais apresentados pelo paciente (vide bloco 2), pode-se fazer a distinção
entre uma obstrução parcial com ventilação mantida e uma obstrução parcial ou
total com ventilação comprometida ou ausente e consequentemente recorrer à
intervenção mais apropriada.
4.2. Remoção de corpo
estranho em caso de obstrução parcial com ventilação mantida
O paciente pode
sozinho conseguir libertar as vias aéreas. Neste caso é importante não
interferir com os esforços do paciente em tossir ou expulsar o corpo estranho e
evitar efectuar a técnica do dedo usada somente no paciente inconsciente.
Se as condições
do paciente piorarem (dispneia e/ou estridor agravante, afonia, diminuição da
capacidade de tossir e cianose) o clínico deve intervir de acordo com o passo
seguinte.
4.3. Remoção de corpo estranho em caso de obstrução parcial ou total com
ventilação deficiente ou ausente
Na extração de
corpos estranhos é importante que o clinico tenha as seguintes precauções:
• Não introduzir qualquer instrumento
inadequado para extrair o corpo estranho, caso não consiga pelas manobras
específicas de cada caso. Isto porque na tentativa de retirar, pode introduzir
ainda mais o corpo estranho.
• Não introduzir o dedo na boca dum paciente
inconsciente quando o corpo estranho não está visível.
• Não aproximar a mão ou os dedos na boca de
uma vítima que esteja sofrendo convulsões ou ataques epilépticos, pois pode
ferir-se.
As manobras de remoção de corpos estranhos das
vias aéreas superiores são:
• Extracção de objecto através da manobra de
“deslocação com dedo” (quando visível);
•
Manobra de Heimlich;
•
Compressão torácica.
Se a remoção do
corpo estanho não resulta em estabelecimento da respiração natural é preciso
iniciar rapidamente a respiração artificial.
Se a respiração
artificial não conseguir manter uma ventilação adequada para o paciente,
deve-se recorrer a técnicas avançadas dependendo do equipamento disponível,
pessoal treinado na sua execução e indicações específicas:
• Entubação endotraqueal (fora das
competências do TMG).
• Cricotireoidotomia cirúrgica ou
traqueotomia (fora das competências do TMG).
•
Cricotireoidotomia percutanea (vide bloco 5).
4.4. Remoção do corpo
estranho com a manobra de “deslocação com o
dedo” ( finger sweep)
É um
procedimento que consiste na introdução do dedo indicador na boca do paciente
para deslocar o corpo estranho e remove-lo manualmente. Esta manobra é usada
somente no paciente inconsciente e somente apos ter identificado a presença de
um corpo estranho.
• Usando o polegar e os outros dedos duma
mão, agarre a língua e a mandíbula e
levante-os.
• Verifique se tem qualquer corpo estranho
na boca.
• Caso haja, introduza o dedo indicador da
outra mão na boca do paciente, atrás da
língua pondo-o em forma de gancho e
retirando-o, com rapidez num movimento firme e preciso, para tentar deslocar o corpo estranho na
cavidade oral e na orofaringe e remove-lo manualmente.
4.5. Manobra de Heimlich
(Figura 4)
É um procedimento que consiste em realizar compressões a nível da parte
superior do abdómen, abaixo do
apêndice xifóide, com objectivo de desobstruir as vias aéreas superiores. Paciente consciente
• De pé, posicione-se atrás da vítima e
passe os seus braços ao redor da cintura da vítima e prossiga da seguinte
forma:
• Feche o punho da mão dominante e posicione
o punho contra o abdómen da vítima, acima do umbigo, abaixo do apêndice xifóide
e segure a mão dominante com a mão não dominante.
• Pressione o seu punho para dentro do
abdómen da vítima, com movimentos rápidos para dentro e para cima.
• Repita o movimento, pelo menos 4-5 vezes,
e observe se a vítima expeliu o corpo estranho.
Paciente inconsciente
• Posicione a vítima em decúbito dorsal.
• Ajoelhe-se ao lado da vítima, voltando-se
para a cabeça da vítima.
• Coloque a palma da mão contra o abdómen da
vítima, na linha média, acima do umbigo, abaixo do apêndice xifóide, coloque a
segunda mão sobre o ápice da primeira.
• Pressione para dentro do abdómen da
vítima, com movimentos rápidos para dentro e para cima.
• Repita o movimento, pelo menos 4-5 vezes,
e observe a boca da vítima se expeliu o corpo estranho.
Se conseguir
observar o corpo estranho, extraia-o com dedo indicador, pela lateral do
objecto.
Figura 4: Manobra de Heimlich em vítima
consciente e inconsciente.
4.6. Compressão torácica
É um
procedimento que consiste em realizar compressões torácicas a nível do corpo do
esterno. É usado principalmente no paciente obeso ou na mulher grávida cuja
circunferência abdominal não permite a execução da manobra de Heimlich. Paciente consciente
• De pé, posicione-se atrás do paciente
sentado e passe os seus braços ao redor da cintura da vítima.
• Feche o punho da mão dominante e posicione
o punho, do lado do polegar, contra o esterno do paciente, em posição cranial
ao apêndice xifóide.
• Segure a mão dominante com a mão não
dominante e comprima o seu punho para dentro do tórax do paciente, com
movimentos rápidos.
• Repita o movimento, até a vítima expelir o
corpo estranho ou ficar inconsciente
Paciente inconsciente
• Posicione a vítima em decúbito dorsal numa
superfície plana e firme.
• Ajoelhe-se ao lado do paciente,
voltando-se para a sua cabeça.
• Coloque a palma da mão contra o abdómen e
coloque a segunda mão sobre o ápice da primeira.
•
Posicionar
as palmas das mãos sobrepostas no centro do peito da vítima, 5 cm acima do
apêndice xifóide, na linha entre os mamilos. Manter os braços firmes e
sem flexionar os cotovelos.
• Aplicar 4 compressões torácicas com o peso
do seu tórax, o esterno deve afundar-se por 5 cm aproximadamente (como na
manobra de ressuscitação cardiopulmonar – RCP).
• Se conseguir observar o corpo estranho,
extraia-o com o dedo indicador, pela lateral do objecto.